Por Jaques Le Goff
Alexandria: os dois “fundadores” gregos do purgatório
A
verdadeira história do purgatório começa com um paradoxo, um paradoxo duplo.
Aqueles que têm justamente sido chamados de os “fundadores” da doutrina do
purgatório foram teólogos gregos. Embora suas ideias tivessem impacto sobre o
Cristianismo grego, a Igreja grega nunca desenvolveu a noção de purgatório como
tal. Na verdade, durante a Idade Média, o purgatório foi um dos principais
pontos de discórdia entre cristãos gregos e cristãos latinos. E mais: a teoria
sobre a qual os teólogos gregos basearam sua versão do purgatório era
completamente herética aos olhos da Igreja grega, bem como da Igreja Latina.
Assim, a doutrina do purgatório começa com uma das ironias da história.
Neste livro não tomarei nota das
ideias gregas concernentes ao outro mundo exceto na medida em que elas venham a
conflitar com as ideias latinas do purgatório em 1274, no Segundo Concílio de
Lião, e posteriormente – em 1438 e 1439, além do limite cronológico deste
estudo – no Concílio de Florença. Por causa dessa diferença de visões entre as
duas Igrejas e porque a questão entre os dois mundos – uma divergência cujas
raízes podem ser traçadas até a antiguidade tardia – a história do purgatório é
um assunto do Ocidente latino. Não obstante, é importante, considerando os
primórdios da doutrina, dizer algumas poucas palavras sobre os dois
“inventores” gregos do Purgatório, Clemente de Alexandria († antes de 215) e
Orígenes († 253/254). Clemente e Orígenes foram os dois grandes expoentes da
Teologia em Alexandria durante o período em que esta cidade portuária era, nas
palavras de H.I. Marrou, “o centro da cultura cristã”, e em particular, um
caldeirão no qual Cristianismo e Helenismo se misturavam e se fundiam.
Os fundamentos da doutrina
elaborados por Clemente e Orígenes foram extraídos em parte de certas tradições
filosóficas e religiosas gregas pagãs, em parte de sua própria reflexão
original sobre a Bíblia e sobre a escatologia judaico-cristã.[1] Os
dois teólogos foram devedores da antiga Grécia pela ideia de que o castigo
infligido pelos deuses não é uma punição, mas, em vez disso, um meio de
educação e salvação, parte de um processo de purificação. Na visão de Platão
este castigo é uma bênção oferecida pelos deuses.[2]
Clemente e Orígenes deduziram a partir da ideia de que “punir” é sinônimo de
“educar”[3] e
que qualquer castigo de Deus contribui para a salvação do homem.[4]
A ideia de Platão foi vulgarizada
pelo Orfismo e transmitida pelo Pitagoreanismo. A noção de que o sofrimento
infernal serve como purificação pode ser encontrada, por exemplo, no sexto
livro de Virgílio, Eneida (vv.
741-42, 745-47):
Por isso, nós,
almas, somos treinados com punição
E pagamos com sofrimento nossos
antigos crimes–
Alguns são pendurados desamparados
aos ventos;
A mancha do pecado é limpa por
outros de nós
Na calha de uma grande banheira ou
com fogo
Queimado fora de nós – cada um de
nós sofre
O Epílogo que merecemos.[5]
A partir do Antigo Testamento,
Clemente e Orígenes tomaram a noção de que o fogo é um instrumento divino, e do
Novo Testamento a ideia do batismo pelo fogo (dos Evangelhos) e a ideia de um
julgamento purificador após a morte (de Paulo).
A
noção do fogo como instrumento divino vem de interpretações de passagens do
Antigo Testamento comumente citadas. A ideia platônica de Cristianismo que eles
possuíam os levou a ter uma visão reconfortante da matéria. Clemente, por
exemplo, argumentou que Deus não poderia ser vingativo: “Deus não se vinga,
pois a vingança é pagar o mal com o mal, e com esta atitude, Deus pune apenas
com vistas ao bem” (Stromata 7.26).
Mantendo esta mesma atitude, estes dois teólogos trazem uma interpretação mais
suave daquelas passagens do Antigo Testamento em que Deus usa explicitamente o
fogo como um instrumento de sua ira. Consideremos Levítico 10.1-2: “Nadabe e
Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e
sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que
lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e
morreram perante o SENHOR”. Ou Deuteronômio 32.22: “Porque um fogo se acendeu
no meu furor e arderá até ao mais profundo do inferno, consumirá a terra e suas
messes e abrasará os fundamentos dos montes”. Orígenes, em seu Comentário sobre Levítico, vê essas
passagens como exemplificando a preocupação de Deus em punir o homem para seu
próprio bem. Similarmente, ele interpreta essas passagens em que Deus descreve
a Si mesmo como um fogo não como expressões de um Deus de ira, mas ao invés
disso, como um Deus que, ao consumir e devorar, age como um instrumento de
purificação. Um exemplo disso é a décima-sexta homilia do seu Comentário sobre Jeremias, que lida com
Jeremias 15.14: “Levar-te-ei com os teus inimigos para a terra que não
conheces; porque o fogo se acendeu em minha ira e sobre vós arderá”. Outro é
seu tratado Contra Celso 15.13.
A
ideia de um batismo com fogo está baseada naquilo que João Batista diz em Lucas
3.16: “Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem o que é mais poderoso do
que eu, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias; ele vos
batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Orígenes, na vigésima-quarta homilia
de seu Comentário sobre Lucas, dá a
seguinte explicação:
Assim como João ficou próximo do
Jordão entre aqueles que vinham para ser batizados, aceitando aqueles que
confessavam seus vícios e pecados e rejeitando o resto, chamando-os “raça de
víboras”, semelhantemente, o Senhor Jesus Cristo será um rio de fogo [in ígneo flumine] próximo a uma espada
flamejante [flammea rompea] e
batizará todos aqueles que irão para o paraíso após morrerem, contudo, sem
purificação [purgatione indiget], fazendo-os
entrar no lugar onde querem chegar. Mas aqueles que não carregam a marca do
primeiro batismo não serão batizados no batismo de fogo. Alguém deve primeiro
ser batizado na água e no Espírito, de modo que, quando o rio de fogo o
alcance, as marcas as marcas do batismo da água e do Espírito permaneçam como
sinais de que esse alguém é digno de receber o batismo de fogo em Jesus Cristo.
Finalmente, na
terceira homilia sobre o Salmo 36, que contrasta o destino do homem mau, que
sofre a ira de Deus, com o do homem justo, o beneficiário da proteção de Deus,
Orígenes traz a seguinte explicação sobre a passagem da Primeira Epístola de
Paulo aos Coríntios, na qual este apóstolo descreve a purificação final pelo
fogo:
Eu penso que todos nós devemos
chegar a este fogo. Quem quer que sejamos, seja Pedro ou Paulo, passaremos por
este fogo... como diante do Mar Vermelho, se formos egípcios devemos ser
engolidos por este rio ou lado de fogo, pelos pecados que se acham em nós... ou
também deveremos entrar no rio de fogo, mas, assim como as águas formaram um
muro a esquerda e a direita dos judeus, assim deverá o muro formar um muro para
nós... e deveremos seguir a coluna de fogo e a coluna de fumaça.
Clemente
de Alexadria foi o primeiro a distinguir duas categorias de pecadores e duas
categorias de punição nesta vida e na por vir. Nesta vida, para pecadores
sujeitos a correção, a punição é educacional (didaskalikos), enquanto para os incorrigíveis é “punitiva” (kolastikos).[6] Na
outra vida, haverá dois fogos, um “devorador e consumidor” para os incorrigíveis,
e para o restante, um fogo que “santifica” e “não consome, como o fogo da
forja”, um fogo “prudente”, “inteligente” (phonimon)
“que penetra a alma que passa por ele”.[7]
As
concepções de Orígenes foram mais detalhadas e amplas que as de Clemente. Como
temos visto, Orígenes pensava que todos os homens, mesmo os justos, deveriam
ser julgados pelo fogo, pois ninguém é absolutamente puro. Toda alma é tentada
pelo mero fato de estar unida a sua carne. Na oitava homilia do Comentário sobre Levítico, Orígenes
invoca a passagem do livro de Jó 14.4: “Quem da imundícia poderá tirar coisa
pura? Ninguém!”. Para o justo, todavia, o julgamento pelo fogo é um tipo de
batismo com o qual, pela fusão do chumbo que pesa sobre a alma, a transforma em
ouro puro.[8]
Orígenes
e Clemente concordam que há dois tipos de pecadores, ou melhor, que há os
justos, cuja única mácula é aquela inerente a natureza humana (rupos, posteriormente traduzida para o
Latim como sordes), e os pecadores
propriamente ditos, que carregam o fardo extra dos pecados que, em teoria, são
mortais (pros thanaton amartia, ou peccata em Latim).
A
noção peculiar que fez de Orígenes um herege foi essa: que não há pecador tão
mau, tão inveterado e tão essencialmente incorrigível que não possa ser ultimamente
e completamente purificado e permitido entrar no Paraíso. Mesmo um inferno é
uma habitação temporária. G. Anrich colocou isso muito bem: “Orígenes pensa no
inferno como um tipo de purgatório”. Orígenes desenvolve até a plenitude a
teoria da purificação, carthasis, que
veio a ele de Platão, dos orfeões e dos pitagóricos. A ideia grega pagã de
metempsicose era muito anti-cristã para que Orígenes a aceitasse, sendo assim,
ele a substituiu por uma teoria que ele pensava ser compatível com o
Cristianismo, ou seja, que as almas constantemente melhorassem após a morte e,
sem importar quão pecadoras tenham sido em princípio, finalmente fariam
suficiente progresso sendo permitido voltarem à eterna contemplação de Deus,
que Orígenes chamou de apokatastasis.
Agora,
as almas de cada tipo – aquelas que meramente se mancharam pela carne e aquelas
que verdadeiramente se macularam pelo pecado – correspondem a um tipo diferente
de fogo purificador. Aqueles que foram manchados pela carne simplesmente “passariam
através” do “espírito de julgamento”, que duraria apenas um instante. Aqueles
que foram maculados pelo pecado, por outro lado, permaneceriam por um período
mais ou menos extenso no “espírito de combustão”. Embora horrivelmente
dolorosa, essa punição não é incompatível com o otimismo de Orígenes: a mais
drástica punição, a mais certa salvação. No pensamento de Orígenes há um
sentimento de valor redentor do sofrimento que nós não encontramos até o fim da
Idade Média, no século XV.
Para
Clemente, o fogo “inteligente” que penetra a alma do pecador não é algo material
(como A. Michel observou), mas também não é uma mera metáfora: era um fogo “espiritual”
(stromata 7.6 e 5.14). Alguns
comentaristas tem tentado fazer uma distinção entre os dois tipos de fogo
descritos por Orígenes ao longo das linhas seguintes: o fogo pelo qual as almas
meramente manchadas pela associação com a carne devem passar é um fogo real,
como dissemos, enquanto que o “fogo da combustão” que as almas pecadoras devem
realmente suportar é apenas uma labareda “metafórica”, desde que essas almas
perversas, que serão salvas em última instância, não são consumidas por elas.
Mas esta interpretação, penso eu, não é apoiada pelos textos invocados para
justificá-la (De principiis 2.10, Contra Celso 4.13 e 6.71, etc). Em ambos
os casos, o que está envolvido é um fogo purificador, que, embora imaterial, não
é meramente uma metáfora: é real, porém espiritual, sutil. Quando essa
purificação pelo fogo acontece? Sobre este ponto Orígenes é bem claro: após a
ressurreição, no momento do julgamento final.[9]
Certamente, o que temos aqui não é nada senão o fogo associado ao fim do mundo
nas crenças milenares conhecidas por nós a partir de fontes indo-europeias,
iranianas e egípcias subsumidas pelos estoicos sob o título de ekpurosis.
Na literatura
judaica apocalíptica, o mais importante texto a respeito do fogo associado ao
fim do mundo é encontrado na visão relatada no Livro de Daniel 7.9-11: “... o
seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas eram fogo ardente. Um rio de fogo
manava e saía de diante dele... e estive olhando e vi que o animal foi morto, e
o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado”.
Mas as noções
escatológicas de Orígenes eram altamente pessoais e não baseadas diretamente
sobre este tipo de texto. Ele cria que as almas dos justos passariam pelo fogo
em um instante e alcançariam o Paraíso no oitavo dia após o julgamento. As
almas dos ímpios, por outro lado, continuariam a queimar após o dia do
julgamento pelos “séculos dos séculos”. Mas isso não quer dizer a eternidade
desde que, mais cedo ou mais tarde, todas as almas irão ao Paraíso. Seria
apenas um longo tempo (In Lucam,
Homily 24). Em outro lugar, Orígenes é ainda mais específico: usando uma
aritmética, ele calcula que, assim como o mundo real teve a duração de uma
semana antes do oitavo dia, assim também as almas dos pecadores sofrerão
purificação no “fogo de combustão” por uma ou duas semanas, isto é, um longo
tempo, no fim do qual, com o início da terceira semana, eles serão purificados
(sétima homilia no Commentary on
Leviticus). Deve ser notado que esse cálculo é meramente simbólico,
enquanto que nos cálculos do século XIII a respeito do Purgatório, envolveu-se
quantidades reais de tempo. Mas já vimos um sistema de contabilidade
purgatorial tomando forma.
No quis diz
respeito ao destino das almas entre o momento da morte e o tempo do julgamento
final, Orígenes é bem vago. Ele assegura aos seus leitores que os justos vão ao
Paraíso após a morte, mas esse Paraíso, diz ele, é diferente do céu, no qual as
almas chegam apenas após o julgamento final e a prova pelo fogo, uma prova que
pode durar muito ou pouco tempo.[10]
Esse paraíso preliminar assemelha-se ao seio de Abraão, embora até onde eu saiba,
Orígenes nunca o menciona por este nome. Nem fala Orígenes sobre o destino do
pecador no período entre a morte e o julgamento final. A razão é que, como
muitos de seus contemporâneos – na verdade, mais do que a maioria – Orígenes
cria que o fim do mundo estava perto: “A consumação do mundo pelo fogo é iminente...
o mundo e todos os seus elementos serão consumidos pelo calor do fogo até o fim
deste século” (Sexta Homilia do Commentary
on Genesis, PG 12.191). E mais:
“Cristo veio nos últimos dias, quando o fim do mundo já estava próximo” (De principiis 3.5-6). O período entre a
morte e o julgamento final é tão breve que não é digno de ser refletido. O
teste pelo fogo “aguarda-nos no fim da vida” (In Lucam, Homilia 24).
Assim, se Orígenes
vislumbrou o purgatório futuro, mesmo essa ideia de purgatório foi ofuscada
pela escatologia e sua compreensão do inferno como uma habitação temporária
que, em última análise, desaparece da vista. Ainda assim, foi Orígenes que claramente
declarou pela primeira vez que a alma pode ser purificada no outro mundo após a
morte. Pela primeira vez foi feita distinção entre pecados mortais e pecados
menores. Nós podemos até mesmo ver três categorias começando a tomar forma: os
justos que passam diretamente pelo fogo do julgamento e vão diretamente ao céu;
aqueles culpados de “pecados menores”, cuja permanência no “fogo da combustão”
é breve; e os “pecadores mortais”, que permanecem nas chamas por um extenso
período. Orígenes, na realidade, desenvolve a metáfora introduzida por Paulo em
1 Coríntios 3.10-15. Ele divide as substâncias mencionadas por Paulo em duas
categorias. Ouro, prata e joias preciosas são associados aos justos; madeira,
feno e palha indicam pecadores menores. E Orígenes adiciona uma terceira
categoria: ferro, chumbo e bronze são associados àqueles que são culpados dos
piores pecados.
Também
encontramos nas obras de Clemente e Orígenes uma rudimentar “aritmética da
purgação”, que se esforça pra enfatizar aquilo que vê como uma ligação estreita
entre a penitência e o destino da alma no além. Para Clemente de Alexandria, os
pecadores corrigíveis são aqueles que se arrependem no momento da morte e se
reconciliam com Deus, mas que não tem tempo para fazer penitencia. E Orígenes,
por fim, vê a apokatastasis como um
processo de purificação gradual pela penitência.[11]
Na
visão do outro mundo, entretanto, um número de ingredientes do verdadeiro
purgatório estão em falta. Nenhuma distinção clara é feita entre o tempo no
purgatório e o do julgamento final. Essa confusão é tão perturbadora que
Orígenes é forçado tanto a ampliar o fim do mundo quanto a colapsá-lo num
momento único, enquanto que ao mesmo tempo elabora sua iminente expectativa. O
purgatório não é verdadeiramente distinguido do Inferno, e não há consciência
clara de que o purgatório seja uma habitação temporal e provisória. A
responsabilidade pela purificação pós-morte é compartilhada pelo morto, com seu
peso de pecado, e por Deus, o juiz benevolente da salvação; os vivos não desempenham
qualquer papel. Finalmente, nenhum lugar é designado como o lugar do purgatório.
Tornando o fogo purificador não apenas “espiritual”, mas também “invisível”,
Orígenes impediu que a imaginação do fiel ganhasse uma compra nele.
Extraído do livro
The Birth of Purgatoryi de Jacques Le
Goff, pp. 52-57
Tradução Livre:
Fabiano Raposo
[1]
Sobre Clemente de Alexandria
em relação ao início do Purgatório, a obra essencial ainda é a de G. Anrich,
“Clements und Origenes als Begründer der Lehre vom Fegfeuer”, em Theologische Abhandlungen, Festgabe fur H.
H. Holtzmann (Tübingen-Leipzig, 1902), pp. 95-120. Um bom tratamento a
partir de um ponto-de-vista católico pode ser encontrado em A. Michel, “Origène
et le dogme du Purgatoire”, em Questions
Ecclésiastiques (Lille, 1913), sumarizado pelo autor em seu artigo
“Purgatoire” no Dictionnaire de Théologie
Catholique, cols. 1192-96. Breves, porém judiciosas, observações sobre a
pré-história do purgatório são feitas por A. Piolanti, “Il Dogma del
Purgatorio”, em Le Baptême de feu,
pp. 3-4; e para um exegese da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, veja J.
Gnilka, Ist 1 Kor. 3,10-15 ein
Schriftzeugnis fur das Fegfeuer?, especialmente p.115.
[2] Os principais textos citados por
Anrich, “Clement und Origenes”, p.99 n.7 e p. 100 n. 1, são os seguintes: Gorgias 34.478 e 81.525; Phaedo 62.113d; Protagoras 13.324b; e Laws
5.728c.
[3] Clemente de Alexandria, Stromata 5.14 e 7.12.
[4] Orígenes, De principiis 2.10.6 e De
oratione 29.
[5] Aliis
sub gurgit vasto
Infectum eluitur scelus, aut
exuritur igni
...
Donec longa dies perfecto
temporis orbe
Concretam exemit labem, purumque
relingquit
Aetherium sensum...
[6] Clemente de Alexandria, Stromata 4.24.
[7] Ibid 8.6
[8] Orígenes, In Exodum, homilia 6, em J.P. Migne, Patrologiae cursus completus, series graeca, 162 vols. (Paris,
1857-66; citado daqui por diante como PG),
13.334-35; In Leviticum, homilia 9, PG, 12.519.
[9] Por exemplo, In Jeremiam, homilia 2; In
Leviticum, homilia 8; In Exodum,
homilia 6; In Lucam, homilia 14; etc.
[10] De
principiis 2.11
n.6; In Ezechielem, homilia 13 n.2; In Numeros, homilia 26
[11] Cf. K. Rahner, “La doctrine
d’Origène sur la pénitence”, Recherches
de Science religieuse 37 (1950).
Muito interessante :)
ResponderExcluirÓtimo livro, é obra de referência para quem deseja estudar o tema.
ResponderExcluirLe Goff mostra que diferente do que alguns pensam, o pai do purgatório romanista não foi Agostinho, mas o Papa Gregório Magno. Nenhum Pai da Igreja antes de Agostinho havia defendido um estado intermediário com o purgatório. Agostinho admitia o purgatório como uma possibilidade teológica, mas reconhecia que especulava sobre a questão. Quem de fato, por influência do Bispo de Hipona, acabou ensinando o purgatório como certo foi o Papa Gregório.
Estamos falando de algo só foi ensinado como doutrina pela primeira vez, de forma isolada pelo Bispo de Roma, mais de 500 anos após a era apostólica.
O que podemos concluir certamente com base em evidências históricas é que a doutrina romanista do purgatório não fazia parte da doutrina apostólica nem dos Pais da Igreja.
Excellent article, really! I too gave a historical overview on the Roman Catholic dogma of Purgatory awhile back:
ResponderExcluirhttps://rationalchristiandiscernment.blogspot.com/2019/02/the-roman-catholic-doctrine-of.html